Oi Gente, tudo bem?
Para dar inicio oficialmente ao retorno das atividades de Asia Mundi, eu escolhi fazer um especial em homenagem ao magnífico Bruce Lee. Em qualquer época seria importante prestar essa homenagem, só que achei esse momento mais apropriado diante do enorme insulto que sua memória sofreu.
Se vc não sabe do que eu estou falando, tentarei explicar de uma forma bem rápida. Recentemente ocorreu o lançamento do mais novo filme de Quentin Tarantino, “Era uma vez…em Hollywwod”, onde ele conta os eventos que culminaram no brutal assassinato da atriz Sharon Tate, que estava grávida de seu primeiro filho com Roman Polanski, pelos membros da seita de Charles Mason. Para tanto ele faz um retrato da Hollywood da década de 60, com os grandes astros e estrelas da época, dentre os quais Buce Lee.
O problema todo começa na forma como Tarantino escolheu retratar Bruce Lee. Como um astro extremamente arrogante, prepotente e que ainda por cima, leva uma surra do dublê interpretado por Brad Pitt. Vc leu direito: Bruce Lee Leva Uma Surra! Obviamente, não apenas os fãs se sentiram ultrajados, mas a própria filha dele, Shannon, criticou a forma como seu pai foi retratado. E aí o babaca diretor, em vez de pedir desculpa, simplesmente disse, que Bruce Lee era assim e que o conhecia como ninguém pq ele leu diversos livros. Sim, ele falou isso pra FILHA de Bruce Lee! Para ler tal absurdo, em mais detalhes e com seus próprios olhos é só clicar aqui.
Antes de falar a minha (óbivia) opinião sobre essa polêmica, gostaria de ressaltar que, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, não sou asiática, nem descendente de asiáticos, até já respondi um comentário que perguntou a respeito. Sou a típica brasileira parda, mas sou uma enorme admiradora da cultura asiática desde o começo da adolescência e por isso, não vou simplesmente ficar calada. Principalmente pq já vi muitos comentários chamando de “mimimi”. Como sempre.
O que podemos observar com toda essa baixaria protagonizada por Tarantino é que não apenas ele mas Hollywood como um todo NUNCA se preocupou de verdade em representar e respeitar outras culturas que não sejam a branca e ocidental. Tudo que está fora disso, é estereotipado, não apenas asiáticos, mas negros, latinos, árabes, judeus, muçulmanos , nativos americanos, etc. E o motivo disso é muito simples: racismo e preconceito.
Preconceito esse que Bruce Lee lutou muito para vencer dentro da indústria de Hollywood.Ele queria acabar com o estereótipo que os filmes ocidentais construíram a respeito do homem asiático.Quem nunca viu em um filme antigo, a imagem de um personagem “chinês” com um óculos fundo de garrafa e com os dentes enormes pra fora da boca? Ou “japoneses” andando em bloco, com uma câmera no pescoço tirando foto de tudo? Todos iguais e sem personalidade.Bruce Lee se empenhou muito para destruir essa imagem patética e mostrar o homem asiático, como herói e protagonista. Nem sempre conseguiu. Um exemplo gritante aconteceu com a série “Kung Fu” dos anos 70, em que foi substituido pelo ator canastrão, que não sabia nada de artes marciais, David Carradine. Ficou evidente que era um típico caso de discriminação racial por parte dos produtores norte-americanos. O nome da série é “Kung Fu”, mas não podia ter um protagonista chinês. Oi?
Ou seja, ele sempre teve que se esforçar 3 vezes mais do que qualquer ator ocidental que recebia os papéis de bandeja. Aí Tarantino coloca um cara branco, loiro e de olhos azuis pra meter porrada em Bruce Lee? Sério? O que Diabos Tarantino quis mostrar ou provar com essa cena?
Outra coisa que me irritou muito, é que o filme fica sustentando essa imagem de Bruce Lee era meramente um brigão, metido a besta e exibido. Além de excelente artista marcial empenhado na propagação da filosofia e dos ensinamentos de sua técnica, ele foi formado em filosofia, lia muito, desenhava, adorava ouvir Beatles, participava (e ganhava) de campeonatos de dança de salão, era muito brincalhão, e pasmem, cortava o cabelo da esposa. Existe um desconhecimento desse lado dele que também era muito incrível. Ele era uma pessoa muito sábia e equilibrada, e seria legal que as pessoas pudessem saber disso. Obviamente que, como todo ser humano, ele tinha defeitos e falhas, mas não cabe a esse mané diretor determinar como ele era ou deixava de ser.
Não vou mentir e falar que nunca gostei dos filmes de Tarantino. Gosto da maioria dos filmes dele que eu assisti e o considero um bom diretor mas ele simplesmente desrespeitou sim, uma das maiores lendas do cinema mundial, uma das figuras mais influentes dessa indústria e da cultura pop em geral e que influenciou o próprio Tarantino. E ao mesmo tempo ele ofendeu por tabela bilhões de pessoas. Simplesmente lamentável e sem perdão.
Bom, é isso. E se vc conseguiu chegar até o fim desse textão, muito obrigada e diga aí o que vc achou, deixando sua opinião nos comentários.
Bjs.