Desafio dos 100 Filmes. # 28.Diretor Também Atua: Gran Torino

Desafio dos 100 Filmes. # 28.Diretor Também Atua: Gran Torino

Gran Torino ,2008

(Gran Torino)

País:EUA

Diretor: Clint Eastwood

Elenco:Clint Eastwood, Ahney Her,Bee Vang

SINOPSE:Walt Kowalski (Clint Eastwood) é um inflexível veterano da Guerra da Coréia, que está agora aposentado. Para passar o tempo ele faz consertos em casa, bebe cerveja e vai mensalmente ao barbeiro (John Carroll Lynch). Sua vida é alterada quando passa a ter como vizinhos imigrantes hmong, vindos do Laos, os quais Walt despreza. Ressentido e desconfiando de todos, Walt apenas deseja passar o tempo que lhe resta de vida. Até que Thao (Bee Vang), seu tímido vizinho adolescente, é obrigado por uma gangue a roubar o carro de Walt, um Gran Torino retirado da linha de montagem pelo próprio. Walt consegue impedir o roubo, e Sue (Ahney Her), irmã de Thao, que insiste que deve trabalhar para Walt como forma de recompensá-lo.

COMENTÁRIO:Na realidade não era esse o filme que eu tinha escolhido e  sim um do Takashi Miike.Mas, pra variar, eu ACHAVA, que tinha o filme e depois de virar meu HD de cabeça pra baixo e não encontrar , vi que não tinha mesmo.Então o jeito foi improvisar.Já que “Gran Torino”  tem uma temática meio oriental, ele foi o contemplado para o tema “ Diretor também Atua”

O filme tem início no velório da esposa de Walt Kowalski (Clint Eastwood), aposentado e veterano da Guerra da Coreia.Com a morte da esposa ele passa a morar sozinho em sua casa no subúrbio de uma cidade americana.Seu bairro se transformou em uma comunidade de imigrantes asiáticos, a maioria coreanos, o que o faz relembrar seus traumas de guerra. Surge nele um feroz sentimento de racismo e apego aos valores patrioticos da “verdadeira América”, porém tudo muda quando ele, mesmo sem intenção, se transforma no herói do bairro e passa a conviver, forçadamente, com seu vizinhos, Sue (Ahney Her) e Thao (Bee Vang ).

Esse filme é simplesmente um espetáculo, tanto na direção quando na atuação de Clint Eastwood, que conseguiu, em pouco mais de duas horas discutir diversos temas, como racismo, dificuldade de adaptação ao novo, velhice (que já há algum tempo é um tema recorrente em seus filmes) e morte.

Ao inicio do filme, Walt é um americano conservador, no pior dos sentidos, já que é extremamente racista, rancoroso, grosseiro e que se recusa a aceitar que o mundo não é  mais o mesmo de sua juventude.Juventude essa, que é representada metaforicamente na imagem do Gran Torino, um verdadeiro carro americano.Entretanto, graças a sua excelente atuação, que mostra Walt como um velho razinza, que muitas vezes até rosna, em vez de falar, não sentimos nenhum tipo de revolta, mesmo quando ele destila todo seu ódio e preconceito em tudo que é diferente. Muito pelo contrário, eu até ri em algumas cenas.Ao entrar em contato com seus vizinhos, primeiramente com Sue e depois com seu irmão Thao surge uma  inacreditável, porém sincera amizade  que faz com que ele mude a forma como vê o mundo.

O interessante é que Thao, também se sente completamente deslocado a seu modo, já que cercado por mulheres, não tem nenhum exemplo masculino para se espelhar, apenas seu primo, líder de um gangue local.Ao mesmo tempo, os filhos de Walt são completos estranhos para ele.

Um dos pontos fracos do filme, é a utilização de clichês muito batidos, já que em um determinado momento do filme Walt começa tossir sangue…qualquer pessoa que já tenha assistido um único filme na vida sabe o que isso significa! E também a atuação de Bee Vang, que ia até bem ,mas nas cenas de maior tensão claramente ele não dá conta do recado.Infelizmente, Clint Eastwood declarou ser esse o último filme em que iria atuar.Uma enorme pena, já que cada vez mais Hollywood afunda ma mediocridade. Por isso achei o final do filme simbólico.

ALERTA SPOILER: Selecione se quiser ler: Interpretei a morte de Walt como uma verdadeira despedida de Clint Eastwood e acima de tudo, uma desconstrução da sua imagem de homem durão, eternizada no filme “Dirty Harry”.Eu juro que torci, pra ele puxar um trabuco enorme e metralhar aqueles marginais.Mas no final ele era apenas um idoso desarmado, que não podia se defender.Ironia melhor do que essa, impossível.Mas deixa um gosto amargo.FIM DO SPOILER.

De qualquer forma, ele decidiu encerrar sua careira como ator com um filme excelente, assim como muitos dos filmes da sua extensa filmografia.Imperdível.

Cotação: 5/5

Dados do Arquivo:

Servidor: MegaTamanho: 516,0 MBFormato: rmvb Idioma: Inglês Legenda:Português

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2 thoughts on “Desafio dos 100 Filmes. # 28.Diretor Também Atua: Gran Torino

  1. Este filme é sensacional!

    Clint é um gênio, tanto como ator como, principalmente, diretor. O que ele faz é impressionante, consegue montar estórias com assuntos importantes, assuntos humanos (o que está em falta nos filmes da atualidade), e o importante é que o Clint expõe os temas de maneira dura mas sensível (não é paradoxo). Os diálogos ganham força só com a relevância dos assuntos, mas também com a genialidade da “varinha” do velho Clint, que põe conversas nada politicamente corretas (isso que deixa o filme mais divertido e sincero) e isso sem apelar para a safadeza ou pornofonia (como é costume nos filmes de comédia atuais).

    E nós podemos constatar que o diretor é excelente pelo que faz com um roteiro que poderia ser um simples e comum filme hollywoodiano (aquelas estorinhas de ação sem graça). As cenas se valorizaram demais!

    Ah, e vale ressaltar as atuações, a do Clint foi excepcional, que personagem “maravilhoso”, poucas vezes conseguimos encontrar personagens tão bem construídos e interpretados. E com as frequentes cenas envolvendo o senhor Kowalski a admiração pelo personagem só tende a aumentar, acabamos ficando íntimos dele, como numa série em que de tanto ver os personagens acabamos por nos acostumar.

    Os assuntos e lições são tantas que fica difícil de falar em um só comentário, mas vou atentar para a do preconceito. Clint soube expor essa questão de maneira espetacular. Ele, que é de direita, sofre bastante ataques de Hollywood e da mídia progressista justamente pela posição política. Nesse filme, ele sabe apresentar bem essa questão porque acaba sofrendo com ela, entende bem da coisa. Ele mostra o preconceito como uma mancha que cresce no coração do ser humano após ele ser rejeitado ou perder o que o deixava em paz, o preconceito do senhor Kowalski não era porque ele era um sujeito mau, o motivo é que ele “não fazia parte daquele mundo”, e só sua falecida esposa o entendia e o fazia se sentir em casa, com a morte de sua amada as coisas desmoronam, ele se sentia só e como não conseguia se situar em seu próprio bairro ele acabava por rejeitar e repulsar qualquer coisa que fosse diferente de si mesmo, era como um escape para a sua própria perdição, do tipo que “tudo está estranho, deve ser culpa de fulano, beltrano ou os hmong’s”. Ele superou isso primeiramente após se perdoar (atitude nobre!), de deixar as mágoas e poder viver com o que tem, e isso com os novos amigos hmong’s (mesmo que por pouco tempo). Sua aproximação com aquele povo foi importante para perceber que o que o unia com eles era mais importante que seu ódio pelo espantalho que ele mesmo criou.

    É um filme para assistir no mínimo uma vez por ano.

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